As estruturas de concreto armado existentes em regiões litorâneas são fortemente atacadas por agentes agressivos, sendo os cloretos os causadores dos maiores danos. A durabilidade desse material mantém uma relação direta com a estrutura de seus poros, com as microfissuras da pasta de cimento e com a forma de ingresso e transporte dos agentes agressivos, estejam estes em estado líquido ou gasoso. O presente trabalho teve dois objetivos principais: estudar as taxas de deposição de cloretos em estruturas de concreto armado com idades distintas de construção e localizadas em diversos bairros de Salvador e estabelecer uma modelagem do mecanismo de transporte desses ânions em sua camada de cobertura. Avalia também a variabilidade efetiva dos perfis de transporte de cloretos nessas estruturas. A metodologia da pesquisa compreendeu a execução de ensaios laboratoriais de percolação de coluna e de sucção em argamassas e concretos com o emprego dos programas SEEP/W e CTRAN/W, visando identificar os parâmetros de transporte de soluções pelos corpos de prova e as suas curvas de retenção de água, respectivamente. Paralelamente, houve ensaios de campo para determinar a deposição de cloretos orgânicos existentes na atmosfera e para a extração de testemunhos em edificações, a fim de se conhecer a influência dos parâmetros climatológicos e de salinidade ambiental na penetração de cloretos no concreto armado, ao longo do tempo. Os estudos experimentais realizados em argamassas e concretos, com diferentes relações água/cimento e diferentes índices de consistência, propiciaram a obtenção dos principais parâmetros relacionados ao mecanismo de transporte de cloretos nesses materiais, tais como: dispersão hidrodinâmica, fator de retardamento, coeficiente de difusão, coeficiente de permeabilidade, porosidade, fator de tortuosidade etc. As análises dos modelos de percolação da solução de NaCℓ e de transporte do seu contaminante indicam que os valores de cobrimento nominal de armadura exigidos pela NBR 6118 (ABNT, 2007), relativos às classes de agressividade ambiental moderada e forte, estão bem ajustados, considerando-se uma vida útil mínima de projeto (VUP) para sistema estrutural de 50 anos. Os resultados obtidos em campo permitiram avaliar a influência das condições climáticas (temperatura, umidade relativa, precipitação, direção e velocidade do vento), altitude e distância ao mar na deposição de cloretos nas estações de monitoramento instaladas, resultando em estimativa de classificação da agressividade ambiental da cidade Salvador.